James Joyce: “Dublinenses”

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James Joyce: “Dublinenses”. Biblioteca Folha. São Paulo. 2003. 222 pgs.

     Foi numa viagem a Dublin, por conta de um congresso de educação. O livro estava na biblioteca, mas não me tinha decidido a lê-lo.  Encontrei-me com James Joyce, imóvel e pensativo, a poucos metros da O’Connell Street, no coração da cidade. Registrei o momento e fiz o propósito de ler Dublinenses na volta.

     Toda uma experiência: a viagem, principalmente, pois o livro não fez se não ecoar lembranças. Uma experiência vital repleta de descobertas: o mundo está cheio de Irlandeses famosos que a gente não sabe que são irlandeses. Por exemplo, o Duque de Wellington, que derrotou Napoleão em Waterloo. De escritores, nem se fale: além dos conhecidos por conquistar o prêmio Nobel – Yeats, Bernard Shaw, Samuel Beckett- e do amigo Joyce, lá estão Oscar Wilde com suas toneladas de ironia e Jonathan Swift com suas “Viagens de Gulliver”. Descobri que Swift foi Dean da Catedral de St. Patrick quando desistiu de escrever, e ali permaneceu por mais de 20 anos.

     Nem tudo é literatura na Irlanda. Há também vários prêmios Nobel da paz, e cerveja, muita cerveja, e igrejas. “Esta cidade –comentou-me um guia- tem mais de 500 Igrejas e mais de 1000 bares: temos as prioridades muito claras”. O povo reza e bebe, muito. Um dos promotores das “prioridades” foi Artur Guinness, um jovem empreendedor de 34 anos que em 1759 arrendou um terreno com uma fábrica de cerveja decadente por 9 mil anos!!! Tal era a confiança que tinha no seu futuro negócio, e ai está o império Guinness, com a cerveja preta mais famosa do mundo. O livro dos recordes –outro aprendizado- foi um efeito colateral: em 1959 um diretor de marketing foi caçar, disparou, mas a ave em questão era mais rápida do que ele pensava. Não desanimou, começou a tomar nota dos animais velozes, e de outros fenômenos: assim nasceu o livro Guinness de recordes.

     Nenhum desses personagens está presente em Dublinenses. As histórias –os contos, para ser exato- são outros. O cenário é a “querida e suja Dublin” de James Joyce, com figuras muito bem perfiladas que vivem sua vida quotidiana, com pequenas ou grandes tragédias, com sonhos e decepções, irlandeses até a medula. A leitura me transportava às ruas que semanas antes percorri com imenso gosto. Enfim, uma leitura sugestiva que, atrelada a uma viagem a Dublin, complementa uma bela experiência de vida.

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