Ismail Kadaré: “O Acidente”

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Ismail Kadaré: “O Acidente”. Companhia das Letras. São Paulo. 2008. 229 pgs.

     Tinha ouvido falar deste autor, queria ler uma obra sua. Caiu esta em minhas mãos e levei um tombo. Como o acidente que é descrito no primeiro capitulo. Algo raro, um taxi a caminho do aeroporto de Viena, que se acidenta, e os dois ocupantes –um homem e uma mulher, de nacionalidade albanesa- , saem voando pela porta e morrem. O motorista do taxi, que sobrevive, diz que se distraiu na direção porque ao olhar no retrovisor viu que os passageiros estavam tentando se beijar. De fato, tremendas consequências para um fato banal.

     O resto do livro se apresenta como a investigação deste estranho acidente. Mas na verdade é um mergulho na vida sórdida das duas personagens, nas suas fantasias e realidades sexuais, nas brigas continuas que impedem separar-se, encontrando-se uma vez e outra em diferentes pontos da Europa, para compartilhar hotel, cama, e novas brigas. Pensamento de Rovena St, a personagem feminina: “Junto com a melancolia, não a largava a ideia de que Besford Y., em quaisquer circunstâncias, era um perigo. Com ele era difícil; sem ele era impossível”

     Tudo isto, fora a componente onírica –nunca se sabe o que acontece e o que é sonhado ou simplesmente desejado- além das variantes nas aventuras sexuais com figurantes esporádicos, de outro ou do mesmo sexo, imagino que para criar maior extravagância. Amantes de ocasião para gerar ciúmes no amante oficial com que se briga o tempo todo. Uma decepção total. Teremos de esperar por outra obra de Kadaré –consta-me que há muitas e dizem que boas- para ensaiar de novo. Mas preciso de tempo para me repor deste choque que resumo como absoluta perda de tempo.

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